Maioria das pessoas não liga às taxas quando pede empréstimos
A esmagadora maioria dos portugueses não liga às taxas de juro ou aos custos totais do crédito quando pedem um empréstimo às instituições financeiras, referem os primeiros dados de um inquérito do Banco de Portugal sobre literacia financeira.
O estudo, avançado hoje em Lisboa na conferência Nacional de Educação Financeira, refere que os inquiridos valorizam, no momento do empréstimo, o montante da prestação a pagar e o seu banco usual sem ligarem à taxas de juro implícitas.
Na conferência, organizada pela Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC), Susana Narciso, responsável pelo departamento de supervisão comportamental do Banco de Portugal, explicou que, quando questionados os inquiridos se comparam taxas de juro nos depósitos e nos empréstimos, a resposta foi "grave".
Segundo o inquérito, 56% dos portugueses não comparam as melhores taxas de juro no mercado quando pretendem fazer um depósito, sendo que quando contraem empréstimos, a situação "ainda é mais grave" porque cerca de metade dos portugueses não liga às taxas de juro.
O estudo, que será integralmente apresentado pelo Banco de Portugal no início de Novembro, refere também que a relação dos portugueses com o cartão de crédito não é a melhor. Susana Narciso adiantou que, dos portugueses que não pagam a totalidade do cartão de crédito no fim do mês, "cerca de 27% não sabe os encargos".
Referiu igualmente que, de todos os inquiridos com cartão de crédito, "52% afirmam pagar a totalidade do saldo do cartão de crédito no fim do mês".
Este estudo sobre literacia financeira, disse Susana Narciso, "será um instrumento de apoio à definição do Plano Nacional de Formação Financeira feita pelos três supervisores", ou seja, o Banco de Portugal, a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários e o Instituto de Seguros de Portugal.
A Conferência Nacional de Educação Financeira reúne os especialistas e agentes na matéria e pretende ser um contributo para melhorar "a relação dos portugueses com o dinheiro", conforme referiu António Menezes Rodrigues, presidente da ASFAC.
A abertura do encontro ficou a cargo do vice-governador do Banco de Portugal, Pedro Duarte Neves, que alertou para a necessidade de uma maior literacia financeira, principalmente em alturas de crise.
O mesmo afirmou José Lopes, da Associação Portuguesa de Bancos, referindo que "do mesmo modo que não foi a crise que criou a iliteracia financeira, não será a conclusão da crise que resolverá este problema".
fonte:http://www.dinheirovivo.pt/