Instituições financeiras continuam a agravar as condições de concessão de crédito aos particulares e esperam nova redução na procura no primeiro trimestre do ano.
Os dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal mostram a continuação da tendência que marcou o mercado de crédito em Portugal no ano passado: Para as empresas e famílias as condições de acesso ao crédito estão cada vez mais difíceis e a procura está também a diminuir.
O inquérito a cinco bancos portugueses sobre o mercado de crédito, realizado pelo Banco de Portugal, mostra que “os critérios de concessão de empréstimos ao sector privado não financeiro tornaram-se mais restritivos no decurso do quarto trimestre de 2011”, sendo que o agravamento “foi mais acentuado no caso dos empréstimos ou linhas de crédito a empresas, do que no caso dos empréstimos a particulares para habitação ou para consumo e outros fins”.
A tendência foi de agravamento ao longo de todo o ano passado e deverá continuar no arranque de 2012. Segundo os resultados do mesmo inquérito, “os bancos inquiridos perspectivam, em média, a aplicação de critérios mais restritivos na concessão de empréstimos a empresas e particulares”.
No caso dos empréstimos às famílias para compra de habitação, três dos bancos inquiridos antecipam um aumento das restrições na concessão de crédito para aquisição de habitação, sendo que os restantes bancos não esperam alterações.
No último trimestre de 2011 o agravamento das condições traduziu-se sobretudo na aplicação de spreads mais elevados, sendo que os bancos estão também a impor condições contratuais mais gravosas, como um rácio mais reduzido entre o valor do empréstimo e o valor do imóvel, prazos de pagamento mais apertados e comissões mais elevadas.
A subida dos “spreads” levou muitos bancos a exigirem já “spreads” acima de 5% nos empréstimos de maior risco, de modo a reflectirem o agravamento dos seus próprios custos de financiamento, uma vez que o mercado internacional continua fechado para os bancos portugueses. Os “spreads” médios, no final do ano passado, situavam-se em redor dos 3%.
A “deterioração das expectativas associadas à actividade económica em geral e ao mercado imobiliário terão contribuído para a adopção de uma política de concessão de crédito mais exigente”, explica o Banco de Portugal.
No crédito ao consumo, onde o nível de risco é superior, os bancos também assumem que estão a aumentar os “spreads” e que essa tendência vai permanecer no primeiro trimestre deste ano.
Procura desceAlém dos bancos estarem a exigir condições mais apertadas para emprestar dinheiro às famílias, estas estão também a reduzir a procura de crédito junto das instituições financeiras.
Todos os bancos inquiridos reportaram ao Banco de Portugal uma diminuição da procura de empréstimos para aquisição de habitação, durante ao quarto trimestre, sendo dois dos bancos falam mesmo de “redução considerável”.
Esta quebra, que deverá prosseguir no primeiro trimestre do ano, é justificada pela “deterioração das perspectivas para o mercado de habitação, diminuição da confiança dos consumidores e o aumento das despesas de consumo não relacionadas com aquisição de habitação”.