Crédito para comprar carro fica mais barato que crédito à habitação
Depois de uma quebra de 100 mil veículos comercializados em 2012, as marcas as automóveis adotaram estratégias mais “agressivas”. Para além de promoverem os modelos, as fabricantes passaram a promover também o financiamento associado ao veículo, baixando as taxas de juro para valores mais reduzidos do que os apresentados pelos bancos “tradicionais”.
A marca francesa Renault, por exemplo, apresentou recentemente uma campanha, associada à gama Mégane, em que a Taxa Anual Nominal é nula, num financiamento a cinco anos, e a TAEG (Taxa Anual Efetiva Global), que representa os custos totais para o cliente, é de 1,2%. A Audi e a Volkswagen (VW) também apostaram em reduzir os juros. No primeiro caso, a empresa apresenta o modelo A1 com uma TAEG de 3,79% e no segundo caso é promovido o Golf com uma taxa superior que atinge os 5,31%.
No caso da Renault, o financiamento provém do RCI Banque e no caso da Volkswagen e da Audi, pertencentes ao mesmo grupo, é o Volkswagen Bank Portugal que fornece o empréstimo. Em ambos os casos, há um recurso ao país de origem, o que permite um benefício de custos financeiros. Luís Schunk, presidente da subsidiária portuguesa Volkswagen Financial Services, garantiu ao Jornal de Negócios que estas beneficies são passadas para as condições de crédito. “Não queremos essa vantagem para ganhar margem. Vamos passar isso para os clientes.”
Estes valores de taxas tão reduzidos, apresentados pelas marcas de automóveis, arrasam as ofertas dos bancos ditos “tradicionais”, chegando a ser inferiores aos praticados pelas instituições bancárias nacionais para compra de imobiliário.
Numa simulação de empréstimo habitação, os três maiores bancos portugueses, a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o BCP e o BES, apresentam uma Taxa Anual Efetiva Revista (TAER) de 5,44%, 6,735% e 7,424% respetivamente, valores que ultrapassam os apresentados anteriormente pelas fabricantes de automóveis.
A razão prende-se com a origem do dinheiro para o financiamento. Enquanto as marcas de automóveis vão buscar o financiamento “barato” às instituições da própria marca, neste caso em França e na Alemanha, os bancos praticam “spreads” mais altos numa altura em que os juros de mercado estão em mínimos. Este aumento de taxas exigidas aos potenciais clientes pretende travar a concessão de crédito uma vez que, por um lado, os bancos não têm acesso a financiamento e, por outro, têm de desalavancar os seus balanços.
O “spread” mínimo, pelo que o Jornal de Negócios recolhe através dos preçários das cinco maiores instituições portuguesas nos financiamentos de taxa fixa, é praticado pelo BPI e situa-se nos 5,5%, podendo chegar aos 7%. A CGD, o BCP e o BES praticam “spreads” mínimos de 3,5%, 3,75% e 4%, respetivamente, o Santander cobra 6,55% e o BES atinge os 7,5%, sendo o limite definido pelo Banco de Portugal de 9,2%. Ao “spread” junta-se as taxas de juro para o prazo de financiamento solicitado e resulta a TAEG praticada pelos bancos.
A média do conjunto das taxas mais reduzidas no crédito à habitação, é de 3,85% e a média no limite máximo atinge os 6,39%, segundo a recolha feita pelo Jornal de Negócios com base em 10 instituições portuguesas.
A taxa máxima imposta pelo Banco de Portugal é calculada com base nas taxas praticadas nos três meses anteriores. Quando comparado com o final de 2012, este limite subiu mas, face à forte aposta das financeiras do setor automóvel, poderá baixar a partir do segundo trimestre.
fonte:http://www.dinheirovivo.pt/