A escolha do banco com os encargos mais baixos pode levá-lo a poupar 258 euros num ano. BPI, Barclays e Banif são as instituições com as comissões mais leves.
O crédito à habitação será provavelmente a relação mais duradoura que alguma vez estabelecerá com o seu banco. Mas, ao mesmo tempo, será também a maior dívida que irá contrair em toda a sua vida e que mais impacto terá nas suas finanças pessoais. Para além dos juros- seguramente o encargo com maior peso no orçamento- estão ainda associadas ao crédito à habitação o pagamento de comissões ao banco. Custos que podem surgir em qualquer fase da vida do crédito. Os mais difíceis de escapar surgem logo no início do empréstimo e podem assumir valores mais ou menos avultados.
Com base nos preçários dos dez maiores bancos a operar em Portugal, só no primeiro ano do empréstimo, um cliente paga em média cerca de 483 euros em comissões bancárias. Para este trabalho foram analisadas quatro comissões. A saber: comissão de dossier, avaliação, formalização e gestão. O banco que menos onera os clientes com este tipo de encargos é o BPI que cobra 389,42 euros, enquanto o BCP aplica as comissões mais elevadas: 647 euros. As instituições bancárias analisadas foram: CGD, BCP, BES, Santander, BPI, Montepio Geral, Barclays, Banif, Crédito Agrícola e Popular.
Com a crise financeira e a diminuição do crédito concedido, os bancos têm procurado fontes alternativas para arrecadar mais dinheiro. Uma das formas para o conseguir é através da subida dos ‘spreads'- uma tendência que aliás se tem vindo a intensificar nos últimos meses. Outra via é a subida das comissões e taxas associadas nomeadamente ao crédito à habitação. Segundo o último Relatório de Supervisão Comportamental do Banco de Portugal, 79% dos empréstimos concedidos pelas instituições de crédito a particulares destina-se precisamente à habitação.
Para além disso, nos últimos anos, foram publicados vários decretos-lei que vieram reforçar ainda mais a pressão sobre as receitas dos bancos. Nomeadamente, a limitação dos custos máximos das amortizações antecipadas, no crédito à habitação, a obrigatoriedade dos arredondamentos dos juros à milésima e o fim dos custos da renegociação dos créditos à habitação. Os resultados estão à vista. Segundo um estudo sobre a banca efectuado pela Deco publicado na Dinheiro & Direitos em Janeiro de 2009, entre 2006 e 2008, só as comissões de abertura e avaliação do dossier do crédito à habitação aumentaram 39%. Ao consultar os preçários dos bancos é possível comprovar esta tendência de subida. Quando comparados os preçários actuais dos bancos com os praticados no início de Maio, verificam-se várias subidas nos custos associados ao crédito à habitação.
Entre comissões de dossier, avaliação, formalização de contrato e de gestão, o BPI é actualmente a instituição que menos encargos cobra. No primeiro ano de vida do crédito o cliente do BPI terá que pagar 389,42 euros. Isto representa uma poupança de cerca de 258 euros face às comissões aplicadas pelo BCP: a instituição que mais onera o cliente com este tipo de despesas. Com os preçários mais baratos figuram ainda o do Banif e do Barclays, com encargos de 420 e 425 euros, respectivamente.
Qualquer das três instituições- BPI, Banif e Barclays- disponibiliza preços mais baixos pelo facto de não cobrarem pelo processamento mensal de prestações. A designada comissão de gestão, para as restantes instituições bancárias equivale a um encargo médio anual de 17,19 euros. Num empréstimo a 30 anos, o consumidor acaba por despender com essa comissão em média cerca de 516 euros. Da análise aos preçários, o banco Popular é a instituição financeira que cobra a comissão de processamento mais elevada: 19,8 euros anuais ou 594 euros na totalidade da vida do empréstimo.
Para quem recorre ao crédito à habitação a comissão de dossier é a que tem um peso maior. A também designada como comissão de estudo ou abertura tem um custo médio de 238,23 euros. Verifica-se ainda a cobrança por várias instituições de uma comissão de formalização do contrato, no momento em que é aprovada a concessão de crédito. É o que acontece com o BCP, o Santander, o Montepio e o Crédito Agrícola. Em termos médios, esta comissão fica em torno dos 112 euros.
Mas, estes não são os únicos encargos que o seu banco pode imputar-lhe, algumas instituições cobram ainda comissões de conversão de registos e conte com outros encargos pontuais associados a situações específicas como pelo atraso de pagamento de prestações ou associadas a pedidos de documentos, vistoria de obras ou construções.
Os cinco bancos com as comissões mais baixas:
BPI
É a instituição bancária que no primeiro ano de vigência do contrato de crédito à habitação menos cobra em comissões. O cliente tem que fazer face a um encargo total de 389,42 euros. Isto acontece em parte porque o BPI não cobra uma comissão pelo processamento de prestações nem de formalização do contrato.
No caso do crédito não ser aprovado, o cliente não tem de pagar comissão de dossier. Só o terá que fazer no caso de desistir do pedido de crédito.
Banif
O Banif é o segundo banco mais económico em termos de comissões. Cobra 420 euros no primeiro ano. Mais 30,58 euros do que o BPI. À semelhança do BPI não cobra comissões pelo processamento de prestações pela formalização do contrato. Se se tratar de um crédito para construção ou obras, aí já aplica uma comissão de contrato de 180 euros. A comissão de gestão de processo (dossier) é o encargo inicial mais elevado do banco: 225 euros.
Barclays
À semelhança do que se passa com o BPI e o Banif, o Barclays não imputa ao cliente nem comissões de formalização nem de gestão. O banco inglês, é o terceiro mais económico, cobrando 425 euros em comissões no primeiro ano do contrato.
A comissão de estudo é cobrada independentemente da formalização ou não do contrato de crédito à habitação. Este é, aliás, o encargo inicial mais elevado da instituição bancária: 240 euros.
CGD
No primeiro ano do empréstimo, o banco estatal cobra em comissões 427,83 euros, o que representa o quarto encargo mais baixo entre as dez instituições analisadas.
Contrariamente aos três bancos anteriores, a CGD cobra uma comissão pelo processamento mensal de prestações de 1,39 euros (16,68 euros por ano). No final de um empréstimo de 30 anos, isto equivale a um encargo total de 500,40 euros com esta comissão.
fonte:http://economico.sapo.pt