O Diário Económico analisou os custos associados aos cartões oferecidos nas maiores instituições financeiras a operar em Portugal.
Longe vão os tempos em que ter cartão de crédito era acima de tudo uma questão de estatuto. Hoje, para além de facilitar simples hábitos de consumo do dia-a-dia, o pequeno rectângulo de plástico é um instrumento indispensável na gestão dos orçamentos mensais de muitas famílias, sobretudo tendo em conta tempos de crise económica como o actual. Segundo os dados do Banco de Portugal, em 2009 existiam cerca de 9,9 milhões de cartões de crédito no mercado português. O que significa, em média, um cartão de crédito na carteira de cada português. Se recuarmos até 2000, nessa altura existiam apenas 2,6 milhões. Facilitador da relação com o dinheiro, a utilização do cartão de crédito pode, contudo, também resultar em encargos excessivos ou mesmo em problemas financeiros. Por isso encontrar o cartão de crédito "à medida" pode ser fundamental para evitar cair em gastos exagerados.
Neste sentido, o Diário Económico consultou as condições oferecidas na gama de cartões de crédito disponibilizados pelos dez maiores bancos lusos. Para isso analisamos os preçários de CGD, Millennium bcp, BES, Santander, BPI, Barclays, Montepio Geral, Crédito Agrícola, Banif e Popular. Foram analisadas duas vertentes: a anuidade e a taxa anual de encargos globais (TAEG). Estes são os dois elementos chaves para a escolha do cartão de crédito mais adequado ao perfil de cada cliente. "Quem vai escolher o cartão de crédito tem que ponderar se vai ou não usar a linha de crédito. Se pretende pagar 100% no prazo sem juros [entre 20 e 50 dias], deve escolher o cartão sem anuidade ou com a anuidade mais barata. Se, pelo contrário, quer usar o pagamento faseado deve olhar para a TAEG. Aí está incluída a taxa de juro do crédito, a anuidade e o efeito de ‘cash-back' [desconto na conta cartão]", explica o economista da Deco, Vinay Pranjivan.
Para quem pretenda utilizar o faseamento de pagamentos, a escolha acertada da TAEG pode resultar numa poupança considerável. Com base em duas simulações efectuadas pela Deco (crédito de 1.500 euros a pagar em 12 meses, sem anuidade e sem ‘cash-back'), verifica-se que quem tiver um cartão de crédito com uma TAEG de 14,4% vai pagar em juros 112,23 euros. Já se a TAEG for de 24,6%, o encargo sobe para 186,53 euros. Ou seja, mais 71,3 euros. Mas, o diferencial de custos pode ser ainda mais acentuado, tendo em conta que o leque de taxas de juro dos cartões de créditos considerados na análise é ainda maior. O "BES Branco" é o cartão com a TAEG mais baixa, de 9,7%, enquanto o "Business Gold Pessoal", também do BES, é o que tem a taxa de juro mais elevada: 32,7%. Outra das conclusões é que, em termos médios, os cartões do BPI e da CGD são os que apresentam as taxas de juro mais baixas. A má notícia é que, também em termos médios, a maior parte das instituições consideradas tem subido as taxas de juro dos seus cartões de crédito face ao que se passava há um ano atrás. As excepções são o Crédito Agrícola e o Popular, que desceram ligeiramente as taxas, e o Banif, que não fez alterações no seu preçário.
Também as anuidades dos cartões podem variar bastante. Há cartões em que esse pagamento é isento- é o que se passa com quatro cartões do BES e do Barclays- mas também há situações em que as anuidades podem chegar aos 240 euros. É o que acontece com o American Express Platinum e o Tap Platinum, disponibilizados pelo Millennium bcp. Na maior parte das situações, os cartões de gama clássica são os mais baratos, apesar de também existirem cartões de gama ‘gold' que não cobram anuidades. Segundo o economista de Deco, o custo das anuidades está associado a dois aspectos: o montante da linha de crédito e os benefícios associados ao cartão. "As anuidades mais caras são normalmente nos cartões que têm um ‘plafond' mais elevado ou cujo conjunto de benefícios associados, como por exemplo, os seguros incluídos, é maior", afirma Vinay Pranjivan.
Os cartões com as taxas mais baixas
BES Branco
É a solução mais competitiva em termos de TAEG, mas trata-se de um cartão com um funcionamento distinto do habitual. Este cartão do BES não tem TAN e o pagamento das compras poder ser feito em prestações fixas que variam consoante o limite de crédito. Por exemplo, se escolher fraccionar um pagamento de 1.500 euros, irá pagar 60 euros durante 25 meses. A anuidade está associada ao limite do crédito do cartão. Quanto maior este for, mais elevada é a anuidade.
Platinum- Santander
É apontado como o cartão mais exclusivo do Santander, permitindo o acesso a limites de crédito elevados. A TAEG de 10,7% é calculada para uma utilização de crédito de 10 mil euros a 12 meses. À anuidade de 80 euros está associado um pacote de seguros e serviços de assistência. Também tem associado um pacote de milhas que converte os pagamentos a crédito em viagens de avião.
BPI Gold
Além de ter uma das TAEG mais baixas, este cartão ‘gold' tem associado um pacote abrangente de seguros (acidentes pessoais em viagem e estadia, responsabilidade civil, assistência em viagem, assistência doméstica ou roubo). Já a anuidade prevista são 50 euros, mas pode ser gratuita mediante o cumprimento de um conjunto de situações: património financeiro no BPI de pelo menos 100 mil euros ou uma média de saldos mensais em dívida a partir de 450 euros.
Ímpar (anuidade 40 euros) - CGD
Com este cartão pode pagar o saldo mensal em prestação fixa ou em percentagem do saldo em dívida, ou ainda pagar as compras de maior montante em prestações até 59 meses. A TAEG de 14,5% é válida para situações em que a anuidade seja de 40 euros e foi calculada com base numa utilização de crédito de 1.500 euros por um prazo de 12 meses.
Millennium bcp Fix
A forma de pagamento associada a este cartão é em parcelas mensais definidas pelo cliente e fixadas sobre o ‘plafond' inerente ao mesmo (entre 5% e 10% do limite de crédito). A anuidade é cobrada semestralmente (8,65 euros). Se em cada semestre forem efectuadas cinco compras, não é cobrada. O cartão credita na conta do cartão 1% das compras a créditos iguais ou superiores a 250 euros.
BES Platinum Private
O BES Platinum Private é considerado o mais prestigiado cartão de crédito do BES. Entre as principais vantagens da sua utilização incluem-se o acesso ao Programa de Milhas "Top miles", bem como o facto de possuir um pacote de seguros e assistências alargado. A uma TAEG 15,2%, para a utilização de um crédito de 7.500 euros a pagar em 12 meses, está associada uma anuidade de 100 euros.
Light- Santander
Caso o cliente cumpra com as condições deste cartão beneficia de uma TAEG de 15,9%, válida para uma utilização de crédito de 1.500 euros por um prazo de 12 meses. Uma das vantagens deste cartão é o facto de isentar o pagamento da primeira anuidade. Nos anos seguintes se realizar 1.200 euros de movimentos anuais com o cartão a anuidade também é gratuita. Caso contrário a anuidade passará a ser de 16,5 euros.
BES Duo
Quando a versão de crédito deste cartão de débito é activada, tendo em conta uma utilização de 1.500 euros de ‘plafond' por um prazo de 12 meses, o cliente tem acesso a uma TAEG de 16,4%. Nessa taxa de juro está incluído o pagamento de uma anuidade de 7,5 euros. Esse encargo pode ser isento caso o cliente já tenha subscrito uma conta ou serviço entre uma lista de alternativas disponibilizadas pelo banco.
Ímpar (anuidade 20 euros) CGD
Com este cartão pode pagar o saldo mensal em prestação fixa ou em percentagem do saldo em dívida, ou ainda pagar as compras de maior montante em prestações até 59 meses. A TAEG de 16,6% é válida para situações em que a anuidade seja de 20 euros e foi calculada com base numa utilização de crédito de 1.500 euros por um prazo de 12 meses.
Caixa Classic
Com este cartão, tem acesso a uma linha de crédito gratuita até 45 dias . Se fizer a primeira compra com o cartão até 45 dias após a emissão, a primeira anuidade é grátis. As seguintes também podem ser isentas, caso o cliente tenha um saldo mensal médio de compras igual ou superior a 250 euros. Caso contrário, a anuidade é de 24,04 euros. O cartão devolve ainda até 3% do valor das compras na conta associada.
fonte:http://economico.sapo.pt/