Nos tempos que correm, usar um cartão de crédito tornou-se num hábito quase quotidiano e, muitas vezes, as pessoas nem pensam bem no que está por detrás do gesto de passar um cartão numa máquina e pagar uma conta numa loja.
Mas, ainda que o aspeto seja em tudo semelhante ao de um simples cartão de débito, o cartão de crédito é, na verdade, um crédito pessoal. Ou seja, o cartão tem associado um montante máximo de crédito pessoal pré-aprovado. Só que os créditos pessoais são créditos que não dão qualquer tipo de garantia ao banco (ao contrário, por exemplo, do crédito à habitação, em que o próprio imóvel pode servir como garantia de recuperação do dinheiro), e por isso têm taxas muito elevadas.
Enquanto no crédito à habitação a taxa média para os novos contratos está pouco acima dos 5%, no crédito ao consumo ronda os 10%. Nos dias que correm, os bancos olham cada vez mais para o risco do cliente e para a probabilidade de recuperação do dinheiro emprestado e dos juros. E é por isso que as taxas cobradas estão a disparar: porque os bancos tentam proteger-se desse risco.
Curiosamente, esta escalada das taxas nos contratos de crédito pouco ou nada têm a ver com a tendência das taxas de referência no mercado (as Euribor), que até se têm mantido em níveis muito baixos nos últimos meses. A escalada dos juros nos contratos de crédito deve-se antes ao aumento dos spreads por parte dos bancos.
Nos cartões de crédito, a taxa de juro cobrada pode chegar aos 35%. Nada que desmotive os portugueses: se em 2000 Portugal contava com cerca de 3 milhões de cartões de crédito, em apenas uma década (até ao final de 2010), esse número disparou para quase 10 milhões de cartões.
Se os utilizadores pagarem o cartão a 100% logo no final do mês, os bancos não chegam a cobrar juros, mas se a dívida transitar para o mês seguinte, os juros são elevados.
Por isso, é importante ter em mente duas ou três regras antes para fazer uma utilização correta destes cartões. Primeiro, pense que usar um cartão de crédito é usar dinheiro que não é seu, e que vai ter de pagar por essa utilização.
Isso ajudá-lo-á a interiorizar que os cartões de crédito só devem ser usados em caso de emergência, sob pena de se acumularem dívidas e problemas financeiros maiores.
Antes de utilizar estes cartões, faça as contas e assegure-se de que tem capacidade para pagar a dívida que vai contrair. Não só se tem essa capacidade agora, mas também se tem a certeza de que essa capacidade vai manter-se até ao final do pagamento. Por exemplo: existe a probabilidade de perder o emprego ou daqui a um ano ainda terá o mesmo rendimento?
fonte:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/