Corte no crédito a famílias e empresas vai ser três vezes superior em 2012
Desalavancagem vai ser feita sobretudo na redução do crédito, porque a capacidade de angariar novos depósitos está praticamente esgotada.
O corte na carteira de crédito dos bancos portugueses deverá atingir os 18,2 mil milhões de euros em 2012, de acordo com previsões do BPI. Um valor mais de três vezes superior ao corte atingido no último ano, na ordem dos 5,3 mil milhões de euros. Em causa estão as metas de desalavancagem da banca nacional, cujo rácio crédito/depósitos terá de atingir os 120% em 2014.
Em 2011, este rácio terá evoluído de 159% para cerca de 143%. Uma performance em grande parte consubstanciada pela extraordinária evolução dos depósitos, cuja carteira total (de recursos de clientes e outros empréstimos) terá aumentado cerca de 24 mil milhões de euros, de acordo com o mesmo estudo. "Desde Janeiro de 2011 o processo foi facilitado pelo comportamento dos depósitos. A sua evolução destaca-se no conjunto das econonomias mais afectadas pela crise da dívida soberana europeia, apresentando Portugal o maior crescimento de depósitos da área do euro", revela Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI, num artigo publicado na revista Inforbanca.
No entanto, o cenário para 2012 apresenta-se mais difícil. A responsável do BPI adianta que: "Apesar das expectativas de progressos da poupança nacional, dado o agravamento da carga fiscal, da deterioração das perspectivas de rendimento, da subida do desemprego, os avanços da poupança deverão ser limitados. Ultrapassada a fase actual, a queda do rácio crédito-depósitos radica mais intensamente no andamento do crédito. A desaceleração do crédito tenderá a intensificar-se".
No total, e até 2014, os bancos deverão cortar cerca de 30 mil milhões de euros das suas carteiras de crédito. Uma previsão idêntica à do Banco de Portugal, publicada no relatório da Comissão Europeia referente à segunda avaliação do Programa de Ajustamento Económico, e assente nos planos de desalavancagem entregues pelos bancos ao regulador nacional. Apesar deste documento não especificar os cortes anuais, é visível no gráfico que o maior ajustamento na carteira de crédito está igualmente previsto para 2012.
fonte:http://economico.sapo.pt/