Endividado? Saiba como começar a mudar de vida
Os portugueses (quer seja o Estado, as empresas ou as famílias) atingiram níveis de endividamento insustentáveis. Existindo tanta dívida numa economia pouco competitiva como a nossa, torna-se essencial uma mudança de comportamentos e um foco claro em viver de acordo com os nossos rendimentos e possibilidades.
Mas hoje em dia, falar é fácil. As famílias já estão em situações muito complicadas, situações que se agravam ainda mais com a subida dos níveis de desemprego e com os cortes observados ao nível dos salários, dos subsídios de férias e de Natal, da redução das isenções e deduções fiscais. Enfim, uma situação explosiva.
O que devem fazer as famílias?
Não existem soluções fáceis ou milagrosas. Temos de estar conscientes que o problema é grave e exige medidas sérias de atuação.
Em primeiro lugar, temos de identificar claramente as dívidas. Muitas famílias não têm a noção exata do número de créditos e das suas caraterísticas. Para sair de um problema, é preciso identificá-lo. No caso dos créditos, a sugestão passa por identificar quatro componentes:
- Finalidade do Crédito;
- Montante em Dívida;
- Prazo;
- Taxa de Juro.
Em segundo lugar, a família deverá unir-se e falar sobre o problema. Marido e mulher têm de estar alinhados no esforço e encontrar formas de libertar fundos para a redução das dívidas. Neste ponto, fica um alerta para o facto de que muitas vezes um dos cônjuges contrai um crédito e o outro não tem conhecimento. E isso é um perigo.
Em terceiro lugar, é fundamental que a família construa o seu orçamento e seja exigente no que à poupança/desendividamento diz respeito. Todos os cêntimos contam quando falamos de créditos com taxas de 15%-20% ou mais.
Finalmente, tendo feita a identificação dos créditos pelas quatro categorias anteriormente referidas, deveremos alinhar os créditos colocando no topo aquele com a taxa de juro maior. Esse deverá ser o primeiro a ser eliminado. Pode parecer evidente, já que é o mais caro, mas na realidade muitas famílias optam por eliminar o crédito cujo montante seja mais baixo. Em termos psicológicos faz sentido, embora implique um pagamento de mais juros.
Assim, importa alinhar os vários créditos e determinar o pagamento mínimo obrigatório. Isto é especialmente válido nos cartões de crédito. A ideia é pagarmos o mínimo em todos os créditos menos naquele com a taxa mais elevada. Nesse, iremos sempre pagar o máximo possível. Numa primeira fase o esforço será maior, mas com o passar do tempo o valor em
dívida será inferior, pelo que os juros irão também reduzir.
Tendo pago o primeiro crédito, seguimos para o segundo e assim sucessivamente. Assim, evitamos cair no erro de, tendo pago um crédito, fazer outro de seguida ou gastar o dinheiro simplesmente porque nos sentimos mais ricos.
Uma segunda estratégia
A segunda alternativa é falarmos com o gestor do banco eprocurar formas de renegociar os nossos créditos.
Temos de ter a noção que o principal interessado em receber o dinheiro é o banco, pelo que poderá existir abertura para encontrar soluções. No entanto, temos de nos mostrar disponíveis para fazer sacrifícios e mostrar um plano válido e credível.
As negociações poderão passar pela redução do spread (o que é difícil), pela atribuição de um período de carência (situação em que pagamos apenas juros durante um determinado período), ou até aumentar o prazo do empréstimo.
Finalmente, em caso de não conseguirmos pagar a totalidade das prestações, temos de fazer face ao que conseguirmos. O objetivo será demonstrar que temos interesse em pagar. Adicionalmente, isso permite-nos pagar menos juros de mora pelos atrasos.
fonte:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/